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Acabou a pandemia ou começou a corrida eleitoral?

Michelle Fernandez



É inegável que vivemos um momento mais tranquilo na pandemia da COVID-19 no Brasil. Depois de dois anos intensos, marcados pelos picos de casos e mortes causados pela variante Delta em 2021 e por altíssimos níveis de contágio pela variante Ômicron em 2022, podemos respirar mais aliviados. Nesse novo contexto, acompanhamos a flexibilização de medidas sanitárias em todo território nacional.




O uso de máscaras faciais tornou-se um símbolo da autoproteção frente ao coronavírus. Ainda que alguns governos pelo mundo hajam hesitado em adotar a obrigatoriedade do uso de máscaras nos primeiros meses de 2020 e a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) tenha demorado alguns meses a recomendar o uso desse acessório por toda a população, as máscaras rapidamente se popularizaram.




Da mesma forma que as máscaras simbolizaram a pandemia, sua retirada do cotidiano das pessoas pode carregar consigo a mensagem de que a vida voltou à normalidade pré-pandêmica. Sob a perspectiva dessa mensagem positiva e esperançosa, diversos lugares no Brasil vêm flexibilizando o uso de máscaras. Essas medidas de flexibilização variam entre a retirada da obrigatoriedade somente em ambientes ao ar livre e a retirada total da obrigatoriedade, facultando às pessoas a decisão por manter ou não o uso desse acessório de proteção.




Especialistas afirmam que o momento da pandemia ainda deve ser de cautela, frente a novas ondas de contágio que se apresentam em países asiáticos. Portanto, é prematuro liberar o uso de máscaras em locais fechados, sem antes monitorar por um determinado período o impacto da liberação em locais abertos. Ainda assim, diversas unidades da federação flexibilizaram o uso da proteção facial inclusive em ambientes fechados, como é o caso de São Paulo e Distrito Federal.




Mas por que a pressa em retirar as máscaras? Em ano de eleições, parece que há um cálculo eleitoral por trás dessa medida de flexibilização em muitos lugares do Brasil. As pessoas podem concluir que há uma melhoria na situação da pandemia em virtude da retirada da obrigatoriedade do uso de máscaras. O convívio com a máscara torna a pandemia muito presente na vida das pessoas. Por esse motivo, alguns gestores se propõem a flexibilizar o uso desse acessório com o intuito de “devolver” às pessoas a normalidade desejada e receber, assim, a simpatia desses possíveis eleitores. Gestores que, inclusive, acabaram de deixar seus cargos para concorrer nas próximas eleições, decidiram por abolir o uso de máscaras, tomando assim decisões guiados por possíveis ganhos eleitorais e em detrimento das recomendações sanitárias vigentes.




Não se protege vidas criando realidades paralelas em virtude do cálculo eleitoral. Em clima de campanha, com a retirada da obrigatoriedade do uso de máscaras e a imposição de uma normalidade forçada, muitas figuras públicas tentam acumular ganhos para outubro de 2022. No entanto, é fundamental que fique claro que estamos diante de um contexto sanitário ainda incerto. Apesar da desobrigação total do uso de máscaras em alguns lugares, devemos ficar atentos aos sinais de alerta que podem surgir.



Créditos da imagem: Fábio Vieira/Metrópoles


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