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Impactos da pandemia nas candidaturas à reeleição

Araré Carvalho


As eleições municipais deste ano serão pautadas, de forma inédita, por um tema mundial: a pandemia da Covid-19. Ela afetará os candidatos a reeleição, seus indicados (nos casos em que o atual não pode se recandidatar) e será usada ora para atacar a situação e ora para validar a gestão dos atuais mandatários. Toda celeuma sobre os protocolos a serem observados e a queda de braço de prefeitos e governadores com o governo federal, colocarão ainda mais “lenha da fogueira”.



A gestão de uma pandemia está sendo algo novo e desafiador para todos os prefeitos e vereadores. A pandemia obrigou os gestores a optarem por ações que em todos os cenários são passíveis de críticas. Aos moldes de um dilema como o apresentado no filme “A Escolha de Sofia”, no qual a personagem deve escolher entre a vida da filha ou a do filho. Os governantes tiveram que tomar uma decisão que ou afetaria diretamente a vida de parte da população, ou impactaria na produção, venda e, em última instância, nos empregos dos cidadãos.



Para os atuais governantes que postularam a reeleição, o problema é que vidas que foram poupadas pelas ações de isolamento não reconhecerão esse mérito. Porque, de forma anacrônica, quando mais efetiva as medidas de isolamento, menos elas parecem necessárias.



Em que pese a pandemia ter dado mais visibilidade às ações do Executivo municipal e ao Legislativo que estiveram a todo momento se reportando para a sociedade, justificando e apresentando as ações, os gastos crescentes advindos do combate à Covid-19, associada a queda de arrecadação (também fruto da pandemia) colocaram os atuais mandatários em uma “sinuca de bico”.



Historicamente, os candidatos a reeleição, ou aqueles que desejam “fazer” seu sucessor, tendem a gastar mais dinheiro público em ano eleitoral. Para potencializar sua candidatura e diminuir o risco de derrota. Essa forte relação entre gasto público e reeleição está em xeque nesse momento. O adiamento das eleições para o final do ano tende a tornar mais árido esse cenário de falta de verbas. Além disso, o adiamento das eleições, poderão minimizar as ações dos atuais governantes de enfrentamento da pandemia. Se até novembro a pandemia estiver mais amena, a noção de que o remédio foi mais forte a doença, pode se intensificar.



Nesse sentido, reeleições que já eram dadas como certas podem ruir e candidatos natimortos podem ter uma sobrevida. Já vemos, por exemplo, um movimento parecido, em que candidatos que usam a pandemia, ou melhor, a gestão da pandemia, para desqualificar o adversário/prefeito.



Candidatos de oposição, críticos à gestão da pandemia feita pelos prefeitos terão na internet terreno fértil para difusão de críticas fundamentadas, mas também para a profusão de fake news. Esse ambiente tem se mostrado, nas últimas eleições, um terreno, em que pese a legislação e as penalidades, “terra de ninguém”. Os aplicativos de troca de mensagens, que é local onde boa parte da população se informa, não tem nenhum tipo de controle de checagem. Por conseguinte, a intensificação da campanha virtual, também resultado da pandemia, poderá ser outro fator que “trabalhará” contra a reeleição dos atuais mandatários.

Cerca de 14 prefeitos de capitais tentarão a reeleição. Nessas cidades maiores, as ações ou as omissões em relação a pandemia pesarão ainda mais na análise do desempenho da gestão dos prefeitos.



A esperança é que o eleitorado saiba a diferença da crítica oportunista e a crítica fundamentada.

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